às vezes, escrevo

Bronquite: dia 07

Terça passada comecei a sentir uma coceira na garganta. Achei que poderia ser covid, mas já tendo pegado esse bicho duas outras vezes (a última no primeiro semestre desse ano, aliás), a sensação era... diferente. Segui meu dia.

A coisa foi progredindo meio lentamente, devagar demais pra ser gripe ou covid, mas também forte o suficiente pra não dar pra ignorar. Uma teleconsulta pelo plano de saúde me deu o pacote básico de anti-inflamatórios (loratadina e prednisolona), que não ajudaram como eu gostaria mesmo depois de três dias, motivo pelo qual fui ao pronto-socorro. Diagnóstico: bronquite, provavelmente causada por algum vírus e agravada pela asma, a ser tratada com um artefato que eu não via há mais de 15 anos: uma bombinha de asma (Aerolin, pros mais íntimos).

Pensando agora, é até curioso como faz tempo que não tenho algo assim, considerando que sempre tive asma e morei em Cupaulo Merdaulo São Paulo praticamente minha vida toda. A minha mais antiga (talvez até única?) lembrança de uma crise de asma é de um dia em que eu, com talvez 6 anos de idade (menos que 10, com certeza) brincava no chão da sala de estar de casa quando, sem aviso algum, meus pulmões simplesmente param de funcionar. Lembro da agonia de tentar puxar o ar pra respirar, pra gritar e pra chorar tudo ao mesmo tempo e sem conseguir fazer nada disso, até minha mãe sacar a tal bombinha, me abraçar por trás, abrir minha boca e dilatar meus brônquios outra vez. On a sidenote talvez por isso o verso you try to scream, but terror takes the sound before you make it de Thriller sempre pareceu tão interessante pra mim. Sidenote 2 talvez também por isso pesadelos em que eu não conseguia gritar tenham me assustado tanto. The more you know.

Então essa tem sido basicamente a minha primeira experiência adulta com bronquite. Ou asma. Ou bronquite e asma. Que maravilha. My ⭐⭐ review of Bronquite feat. Asma on Letterboxd. Eu nem sabia o nome do remédio, pra você ter noção. Nesses últimos 15 ou 20 anos, a asma sempre foi uma presença ausente na minha vida, só aparecia nas aulas de educação física, pra me lembrar que eu não tinha fôlego suficiente pra correr mais do que alguns metros (ou minutos) e em questionários de triagem de pronto-socorro, sempre nesse mesmo script: — O senhor tem alguma condição pré-existente? — Olha, eu tenho asma, mas não tenho crises desde que era bem pequeno. e fim.

Te falar? A sensação é bem ruim, na verdade. De um jeito bem pessimista (que imagino ser um efeito psicológico do próprio fato de estar doente), tem uma certa... cronicidade nessa doença que é especialmente ruim. Hoje se completam sete dias de tosse e não vejo uma melhora muito considerável do primeiro dia pra hoje, sabe? Eu sei que preciso considerar que só comecei a usar a bombinha no domingo, e que das 15 doses que o médico receitou eu só tomei 4 até agora. Mas mesmo assim. Parece que meu corpo tá há uma semana tentando tossir fora alguma coisa que não desgruda do meu pulmão, de modos que eu só queria muito poder arrancar esse órgão fora, deixar de molho um pouquinho e quem sabe rodar um ciclo suave na máquina de lavar, sabe? Só pra tirar esse catarro que não sai. Enfim, imagino que a coisa melhore nos próximos dias.