diário de doença, capítulo 2: infecção de ouvido
Se tem uma coisa que são paulo aparentemente adora distribuir livremente, essa coisa são bactérias. Depois da pneumonia bacteriana que tive no final do ano passado, acabo de inaugurar minha mais nova infecção bacteriana, dessa vez no ouvido!
Tal qual a pneumonia, essa também demandou duas idas ao médico pra ser propriamente diagnosticada. Espero que seja apenas uma grande coincidência e não um dado empírico sobre o estado do pronto atendimento médico da cidade (nas duas - ou melhor, quatro - vezes, fui atendido pelo meu convênio médico viu, proibido falar mal do SUS). Comecei a sentir meu ouvido tampado na quinta-feira, véspera de feriado. Imaginei que fosse apenas acúmulo de cera, como já aconteceu no passado. Deixei quieto, mas nos dias seguintes começou a aparecer uma dor esquisita. Fui ao CEMA, que tem pronto atendimento especializado em otorrinolaringologia. A médica me examinou, chamou um colega (que pelo que eu entendi era mais experiente que ela) e ambos concluíram com muita convicção que não tinha nada nos meus ouvidos, só cera mesmo. Limparam e me mandaram pra casa.
Continuei com dor.
Fui ao pronto-socorro regular na segunda-feira, já que o CEMA não abriria por conta do feriado. A médica me examinou e dessa vez sim percebeu secreção característica de infecção bacteriana (yay) e me receitou um antibiótico. Que tava em falta na primeira farmácia. E que não quiseram me vender na segunda farmácia, porque aparentemente existe uma contraindicação bem explícita na bula deste remédio em particular para o uso no ouvido (acho que era um colírio antibiótico, algo assim). Aqui quero agradecer ao profissionalismo da farmacêutica, que aparentemente quis muito fazer seu trabalho de verdade e não só me vender qualquer merda que o médico tivesse prescrito. Diva. Me gerou um transtorno? Sim, mas diva. (Pelo que ela me explicou, o remédio poderia piorar a infecção a médio prazo, então talvez tenha sido um transtorno que veio para o bem). Tive que voltar no P.S., explicar tudo isso para que a médica trocasse minha receita por uma de amoxicilina com clavulanato, o mesmo queridinho que matou as bactérias do meu pulmão 5 meses atrás. Save me amoxicilina com clavulanato, amoxicilina com clavulanato save me
Comum à última infecção também estão os dilemas do profissional da saúde autônomo: desmarco meus atendimentos? Mas eu nem tô com tanta dor assim! Mas atendo usando fones de ouvido, que provavelmente vão piorar meu quadro e atrasar minha recuperação... Vou pra academia? Eu nem tô com tanta dor assim! Mas é um ambiente barulhento, sujo, em que eu provavelmente vou interagir com mais um tantão de bactérias que não vão ajudar na minha recuperação...
Interessante o pensamento "mas eu nem tô com tanta dor assim!". Onde fica essa régua? Só uma dor acima de 7, numa escala de 10, é que me permite descansar? O quê seria um 10 nessa escala? Pedra no rim? Eu hein.
Então estamos assim por enquanto. Sigo trabalhando na medida do possível, e espero que o antibiótico comece a agir de fato (ainda estou na terceira das 14 doses que a médica prescreveu). Tá sendo horrível existir sem fones de ouvido, mas enfim.
Ah, e a título de o que mais tenho feito da minha vida: estou na metade da leitura de O Quarto de Giovanni. Tô achando incrível. Quero muito terminar de ler e então ver algumas resenhas a respeito, porque me parece o tipo de livro que é melhor consumido num formato de aula/resenha sobre.
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